19/10 - Port Moresby



Depois de meu batismo de Port Moresby em Boroko ontem, e mais conformado com o fato da vida de que táxi custa dinheiro mesmo, eu é que sou mesquinho até a alma e não tenho o hábito de tomar, lá fomos nós pra fora do bunker visitar Town e Ela Beach, outro lugar de vago interesse turístico nesta grande e descontínua favela ultramarina. Nada pra ver ou pra fazer mais uma vez, e o ponto alto do passeio foi o pit stop num supermercado pra beber mais uma latinha de um energético do caralho que descobri por aqui, e tomar sorvete azul. Nunca na vida senti tanto orgulho de, sei lá, Teresina, Aracaju, verdadeiras e incontestes metrópoles se comparadas com isto aqui.


O primeiro táxi quebrou na subida da ladeirinha do hotel. O motorista do segundo nos levou a contento ao lugar e insistiu em ficar aguardando para nos levar de volta, para ganhar duas corridas de 35 kinas. 20 dólares, uns 90 reais por duas corridas de uns 8 km e 3 horas de espera. Meu terapeuta cobra 400 contos por sessão, no "sem recibo", já tá há algum tempo emitindo sinais de fumaça de que aumentará o valor da mordida, e tá aí o não-resultado. A vida é dura. A piroca, nem sempre.
Na volta, o cara tava lá dormindo dentro do carro, babando pelo canto da boca, capotado, com a latinha de cerveja caindo da mão. Após algum tempo dirigindo em zigue-zague, no esplendor de sua embriaguez, começou a procurar por seu celular, que não encontrou em lugar algum. Nem o dinheiro da féria do dia, que ia sendo jogado numa cestinha de vime pendurada em seu retrovisor. Quando começou a dirigir, havíamos percebido que sua porta do lado estava aberta. Estranho, mas então fez sentido: havia sido roubado enquanto dormia. Cu de bêbado não tem dono, e, principalmente na Nova Guiné, dinheiro e celular também não. E voltamos então ao hotel, com o cara o tempo todo suspirando fundo, desalentado, reclamando em seu ébrio dialeto, dando soquinhos indignados no volante. Ao nos desovar, perguntou algo semelhante a se eu não tinha um segundo celular mais velho, que pudesse lhe dar. 
Pau no seu cu, John. Se beber, não dirija.




Comentários

  1. Quando vc será libertado desse lugar inóspito?...
    Qual foi o crime desta vez para merecer pena tão indigna?...

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  2. E imaginar que esse roteiro foi criado por vc...
    Alguma chance de vc escolher um destino que te faça feliz ou que te agrade...? Hahahha

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