26/10 - Brisbane


Bom, convenhamos, quem gosta de peixinho é o Manoel, que perguntou no sex shop se eles vendiam calcinhas com sabor e então pediu uma com sabor de batata, para combinar com o bacalhau da Maria. Então, em vez de ir tentar fazer mergulhinho e torrar embaixo do sol até o terceiro olho ali onde o sol nunca nasce, achei que bem poderíamos ir ao parque de diversões mesmo.





No local, de esforçadamente criativo nome de Dreamworld, abriram os portões britanicamente às 10:00, mas demoraram uns 15 minutos para começar a operar os brinquedos, para a indignação de um Aderbal exasperado, tentando otimizar minuto a minuto e centavo a centavo o tempo disponível e o dinheiro investido. Mais tarde fui entender por que: mesmo sendo um sábado, o que já vinha me causando arrependimento desde a decisão de passar o dia lá, o parque estava inusitadamente vazio, ao longo de todo o dia. com exceção de uns dois ou três momentos, em nenhuma das montanhas-russas tive que esperar mais do que duas voltas para chegar minha vez. Não me lembro das contagens alcançadas em outros parque, mas aqui foram 21 voltas, em um lugar que fecha cedo, 5 da tarde.



Como de costume, e cada vez mais, a náusea foi minha dedicada companheira. Desta vez, acompanhada pelo sempre fiel ardidume do sol e da melequice do protetor solar. Pau no cu de meu estômago e no meu centro bulbar de vômito, que, à medida que envelheço são as únicas partes cada vez mais vivas e viçosas em meu ser.




Vô Aderbal, como usual, e cada vez mais, tava lá no percentil 95 dos mais velhos frequentando o parque, mas tinha aqui e ali outro tiozão ainda mas etariamente decrépito, não necessariamente com uns filhos a tiracolo, o que de certo modo aliviou meu fardo, porque desgraça compartilhada é desgraça diluída.

No momento, sinto-me plenamente saciado de montanha-russa, o que provavelmente será um problema, uma vez que, daqui a três dias, no roteiro recalculado, tem parque de diversões de novo. O da Warner Bros., com todos aqueles brinquedos com temática de super-heróis, pelos quais sentir interesse é duplamente constrangedor, seja porque eu já era velho pra achar graça no Lanterna Verde uns 30 anos atrás, seja porque, por trás de um Superman ou Kung-Fu Panda pintados na lateral do carrinho, é só tudo a mesma coisa, aparelhos eliciadores de vômito.


A própria questão da saciedade é capciosa. Se queremos algo, tipo assim por exemplo a Ana Paula Arósio, e não o conseguimos, sofremos de frustração. Se o conseguimos, deixamos de querê-lo, e sofremos com o vazio de desejo e com a encheção de saco de ter que procurar outra coisa qualquer pra desejar. O desejo, assim como a cenoura em frente do jumento, está lá pra colocá-lo em movimento, porque mover-se é obrigatório, mas faz muito bem em não se deixar ser comida.

Comentários

  1. Depois dessas fotos devo informar: é chegada a hora de começar a pensar num monólogo, com nariz de palhaçoetudo, que nada mais é que a menor máscara que um ator pode experimentar.
    Beijos com votos de uma viagem mais divertida do que está parecendo. Rs.

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  2. Legal que vocês pegarão Halloween no parque da Warner, sempre tem algumas atrações legais por conta da data.

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