30/10 - Gold Coast


O dia, como esperado, foi e continua sendo pasmaceira total. Pela manhã, embromation num museu enorme mas com mais salas de convenção e de cinema pago (e caro) do que obras de arte. Depois, embromation pra comer, pra ficar vendo o músico de rua cantar todo o repertório dos greatest hits de música de academia de ginástica em versão acústica. E, a partir das 15:45, o bacurau sentado na poltrona deste bumba que não chega nunca.
Mas, como sou previdente, guardei o relato da noite de ontem para hoje!


Já meio saturados por um dia de parque de diversões, com todo aquele mise-en-scène de personagens fantasiados, rumamos, fedidos e ainda lambrecados de protetor solar, para o Dracula's, um treco meio indefinível, algo como um show de cabaré brega de temática gótica. 60 dólares só pra entrar, 90 com jantar incluso, do qual, por este preço, obviamente abrimos mão na hora de reservar os lugares pela internet.




Lugar quase lotado, como deve ser noite após noite, afinal não havia nada de especial a respeito da de ontem. Fileiras de mesas grudadinhas uma na outra, com pouco espaço para um portador de uma pança como a minha respirar, e com cadeiras de costas para o palco, forçando um malabarismo cervical ou de corpo inteiro um tanto estafante.


E eis que, de repente, nos chega a entrada da refeição. Com esta minha voz alta, máscula e encorpada, e com este meu inglês cada vez mais fluente, curtido ano após ano na comunicação meramente instrumental pra pedir uma informação aqui ou comprar um sorvete ali, tentei berrar na orelha do garçon vestido de vampiro meio gay que não havíamos adquirido o jantar.
"Se foderam", ou algo assim, berrou ele embaixo da música alta, "vocês reservaram a refeição quando compraram o ingresso". Comida é que nem mulher, você não se recusa a comer quando ela está lá quentinha e cheirosa na sua frente, então, que fazer, mandamos ver, conformados com provavelmente acabar sendo cobrados por aquilo mais tarde.


Texto do show muito bunda mesmo, mas a parte musical e os números de mágica, e malabarismo e coisa e tal, muito decentes. Após a entrada, o prato principal e a sobremesa. Antes de comê-la, o casal que estava à nossa frente se levantou, deixando seus pratos com caixõezinhos de chocolate recheados de mousse e um drinque de frutinha intactos. 5 minutos, 10 minutos, 15 minutos, não voltavam, então por que não pular para os lugares deles e ver o show de frente?
20 minutos, meia hora, e não voltavam, então por que não comer as sobremesas e tomar o drinque lá deixado?









Na hora de fechar a conta, só nos foram cobradas as bebidas que pedimos para acompanhar a comida. Provavelmente haviam cometido algum erro e nos alocado para o setor errado do teatro, com direito a refeição.
Saldo da noite: jantar de graça, drinque e sobremesa em dose dupla, porque todo mundo tem direito a dar um bom rabo de vez em quando.



Pra comemorar, voltamos pro quarto sem pagar a passagem, no bondinho da cidade, totalmente aberto e acessível, sem qualquer fiscalização ou catraca, apenas mensagens lembrando os não-brasileiros espertalhões a bater o bilhete eletrônico no sensor na entrada e na saída.


Comentários

  1. kkk esse foi o que eu mais gostei... kkk cheguei a babar de tanto rir!!! kkk pena que não dá pra gravar... kkk "show de cabaré brega de temática gótica" kkk foi o melhor. Quase uma festa de aniversário surpresa, com tudo em dobro... que amor... até o caixãozinho de mousse de morangos mofados... kkk

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  2. "Comida é que nem mulher, você não se recusa a comer...". Uau!!! masculinidade tóxica, hein?... comida = mulher ... crônica de um dia de diversão com gostinho de sexismo, nas linhas e entrelinhas. :-)

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