02/11 - Yulara



Agora começa a parte raiz da viagem:
3 dias no Outback. O australiano, não aquele restaurante ali no shopping, mas tão caro quanto.


A base para ir ver o Uluru é um resort no meio do nada, construído em cima do que parece já ter sido um povoado nativo, Yulara, mas que foi tendo os casebres originais aos poucos substituídos por alojamentozinhos mais afins à arquitetura do resort, como no navio de Teseu, até que agora resta apenas uma vila pobre-chic meio decrépita, na qual não fica bem claro onde acabam os blocos de quartos e começam os cubículos dos locais, com cara de cenário de filme de ficção científica barato dos anos 60.




Por ser no meio do nada, é aquela coisa: eles cobram o que quiserem, porque você não tem escolha. 230 dólares australianos por uma diária de um quarto sem banheiro, sem sequer uma pia. É meu dia de jeca, pra fazer um xixi no meio da noite tem que ir na privada de fossa lá no quintal...
Já na chegada, me pus a pensar... Aeroporto pequenininho, acho que menor do que o da inefável Presidente Venceslau sob a qual deposito remotas e envergonhadas raízes. Hordas de passageiros saindo do avião, se acotovelando na salinha pra retirar as malas, caminhando em romaria e procissão para dentro dos ônibus que nos trariam para um resort construído num lugar nenhum, e tudo pra... ir lá ficar olhando pra uma pedrona. se você vender geladeiras suficientes na Antártida, elas se tornam um instituição e ninguém mais se preocupa em assoprar o apito de que o rei está nu.




Mas fica ainda pior... O sol é escorchante, mas, ao contrário de Cingapura, o clima é seco, então mal rola um suorzinho no sovaco. Mas, ah, as moscas! Milhões de moscas agressivas nos atacando, tentando insistentemente penetrar por nossos orifícios expostos, sei lá por que. Um resort lotado de bobões que pagam uma grana fudida pra vir olhar pra uma pedra, abanando incessantemente as mãos na vã tentativa de espantá-las, como se estivéssemos num surto coletivo de coréia de Huntington, sentindo-nos numa paráfrase de um filme de Hitchcock, não Os Pássaros, mas As Moscas. Ou, no caso dos brasileiros, e há alguns por aqui, como se aquela proverbial bolsa de colostomia tivesse vazado e merecidamente atraído o que há de mais asqueroso no mundo dos artrópodes alados.


Cara, no meio do deserto eu esperava encontrar calangos, aranhas, cobras, dingos, talvez umas dúzias de irmãos do Lula. Mas... moscas? Pau no cu delas, ou sei lá como se chama o lugar por onde elas fazem cocô!

Comentários

  1. Quando li resort até me assustei, pensei, poxa finalmente uma estadia confortável, com piscinas enormes, ALL inclusive....kkk... só que vindo do Aderbal estava meio suspeito mesmo😂.

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  2. Por quê elas querem entrar nos orifícios???
    Para se esconderem do sol!! E por que mais seria? Ou vc acha que ele só desagrada a vc? Hahahhaha
    Vc está me parecendo muito egocêntrico...hahahhah
    Bj

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  3. Deixa de ser pão duro! Abre a carteira logo! Vai deixar pra quem?

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  4. "Outback. O australiano, não aquele restaurante ali no shopping, mas tão caro quanto." kkk pelo menos do shopping tem ar condicionado, não tem moscas, a "paisagem" tem photoshop "all inclusive"... kkkk

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  5. Acho que você está prestes a atingir o nirvana, o verdadeiro caminho para a felicidade.

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