03/10 - Yulara
Conto hoje de uma das mais bizarras e desconcertantes experiências que sem querer me acometeram. Estava cá eu tentando marcar no meu aplicativo de mapinhas todos os lugares do planeta que eu já havia contaminado com minha pestilenta presença, como forma alternativa de ostentar algo pro mundo, ou ao menos pra mim mesmo, uma vez que o doutorado, ou finalizar uma maratona em menos de 4 horas ou uma barriga lisinha estão difíceis. Resolvi consultar os blogs de viagem antigos, pra checar se todas as cidades estavam marcadas quando.... assustadoramente... vejo que no blog de Austrália/Nova Zelândia, de 8 anos atrás JÁ havia uma passagem por Brisbane! Da qual não tenho a mais remota lembrança, mesmo já tendo estado por dois dias na cidade. Sem ter tido absolutamente qualquer memória reavivada pelos três dias que agora passei por lá, convicto de que era minha primeira vez na cidade! Como as fotos do blog antigo desapareceram, não puderam servir como pista para coisa nenhuma.
Pela segunda vez, após um breve e premeditado ensaio ano passado, em que uma horinha de minha existência desapareceu enquanto eu estava com um tubo enfiado em meu rabo, existe uma total e completa lacuna de memória de minha existência. Como preconizava Donald Rumsfeld, há os desconhecidos conhecidos, como a cada vez que vamos para a cama à noite e desaparecemos em um adormecimento dogmático assim como deixou de fazer Kant, e os desconhecidos desconhecidos, como quando você sem querer se dá conta de que dois dias inteiros sumiram totalmente de sua memória e, portanto, de sua identidade.
Mas, ao passeio: hoje foi dia de ir conhecer as moscas lá do Uluru. De acordo com os anangus, os nativos, o local mais sagrado do mundo, depois daquele lugarzinho ali entre as coxas da Ana Paula Arósio. Pessoalzinho antipático, não gostam de ser fotografados, e muito menos ter suas pinturas meio bocozinhas registradas. Claro que, se você as comprar, tudo muda de figura. Por um lado, dá pena. Ficam vagando entre os invasores brancos, antes os colonizadores e agora os turistas, imundos, maltrapilhos, tentando ganhar um humilhado trocado e não serem vistos como atração turística. Querendo vender o resultado da única coisa que sabem fazer da vida, e não tê-lo fotografado de graça. Mas antipático mesmo assim.
Ao meio-dia, passou o ônibus da excursão, com a guia bonitinha e, de penetra, sua provável namorada. A primeira refeição, um sanduíche seco, com uma fatia de queijo, uma de presunto e uma folhinha de alface sem-vergonha. E nada pra beber.
Depois, a caminhada ao redor do Uluru, apenas uma semana após ter sido proibida definitivamente a subida nele. De novo, mau timing. Depois, ir ver o sol se por olhando à distância pro Uluru. Bonito, mas dezenas de ônibus enfileirados, centenas de pessoas fazendo o mesmo, numa noção de turismo massificado, no qual um dúzia de companhias vendem exatamente o mesmo pacote. A diferença é que algumas das excursões tinham vinho em cálice de vidro. Na nossa, yakisoba e um franguinho bem-intencionado, mas meio sem graça. E nada pra beber.
Depois, a caminhada ao redor do Uluru, apenas uma semana após ter sido proibida definitivamente a subida nele. De novo, mau timing. Depois, ir ver o sol se por olhando à distância pro Uluru. Bonito, mas dezenas de ônibus enfileirados, centenas de pessoas fazendo o mesmo, numa noção de turismo massificado, no qual um dúzia de companhias vendem exatamente o mesmo pacote. A diferença é que algumas das excursões tinham vinho em cálice de vidro. Na nossa, yakisoba e um franguinho bem-intencionado, mas meio sem graça. E nada pra beber.
No início da tarde, foi-nos informado que era obrigatório cada um carregar 3 litros de água consigo o tempo todo. Então toca lá arranjar mais garrafas vazias, seja catando no lixo da van algumas que tinham side descartadas, seja fazendo a mais estúpida das compras, de água. Obviamente não foi necessário tudo isto, passamos a tarde toda carregando 6 quilos de peso nas costas, e bebendo aquela água morna e salobra. Pau no cu da guia, ainda que, lamentavelmente, só metaforicamente...
Conheço desconhecidos desconhecidos de há muito. O susto passa, acredite.
ResponderExcluirQue viagem!!!!
ResponderExcluirpensando na playlist pra esse céu...
ResponderExcluirNossa....como meu filho diria....buguei....rs🤔🤔🤔
ResponderExcluirDr com pena... Confesso que se tornou mais humano... desmemoriado, mas humano...hehehe
ResponderExcluirEsse mesmo espetáculo de por do sol com uma infinidade de cores que dançam no céu, pode ser visto com o mesmo número de ônibus enfileirados, no deserto do Atacama... Emocionante... Disso nunca esquecerei...assim espero...hahahha
Nossa, Aderbal, isso seria difícil de esquecer.
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