04/11 - Yulara

O que você faz quando o grande ponto de interesse de sua excursão é... uma pedra? Bota neguinho pra andar ao redor dela, pra olhar pra ela ao por do sol, pra olhar pra ela ao nascer do sol... Tema e variações sobre o quase nada. Que nem naqueles retiros em que você acorda e medita, come alguma coisa verde e medita mais, depois come mais alguma coisa verde e aí vai meditar de novo...

Então hoje fomos acordados às 4:15 da madrugada pra ir lá mais uma vez contemplar aquele treco. Ou melhor, acordados não, porque só pode sê-lo quem estava dormindo, o que não foi meu caso. Um terço da mochila o tempo todo ocupado pelo agasalho pesado, que poderia ser necessário nestas duas noites de dormir acampados ao relento. Aí, chega a noite, o tempo parece fresquinho e maneiro, e eu concluo que vai dar pra dormir de calção, sem me agasalhar, sem alugar saco de dormir, só entrando no swag. Aí a temperatura começa a cair, já é tarde demais pra pegar o agasalho que ficou dentro da mochila trancada dentro da van, e aí passo a noite inteira acordado, trincando de frio, mal conseguindo dar uns cochilinhos.

Mas o programa-padrão de todas as companhias de turismo daí para frente transcende o Uluru. De lá fomos para Kata Tjuta, outro conjunto de formações rochosas muito mais interessante, mas virtualmente obscurecido em nosso imaginário pelo onipresente Uluru. E eis que, então, inopinadamente, mais uma das quase constantes em minhas viagens, esta amplamente indesejada, se impôs... Fez-se necessário atender um chamado da natureza, que se mostrou robusto, insistente, teimoso, premente, inegociável. Sim, vocês conhecem a moral da história. Se Nelson Rodrigues dizia que sexo é só uma mijada, é suficiente dizer que o passeio de hoje do Aderbal foi uma cagada. Pau no cu de meu peristaltismo!
Os iniciantes deixam um chicletinho grudado embaixo do banco em algum lugar. Os ainda amadores deixam, em seu lugar, um souvenir de meleca de nariz. Os cachorros reinvidicam território dando aquele xixizinho. Mas apenas os realmente veteranos demarcam território sagrado com seu próprio cocô!